top of page
Foto do escritorJuan Ricthelly Vieira da Silva

HISTÓRIA DO ANIVERSÁRIO DO GAMA (1990-1999)


Por Juan Ricthelly

 

Enfim chegamos aos anos 90, curiosamente não encontrei a mesma abundância de informações nas matérias de jornal como nas décadas anteriores, as fontes que utilizei para tratar dessa época, são do arquivo pessoal do amigo Geraldinho Gonçalves, um inegável protagonista desse fragmento da nossa história como cidade, que generosamente me concedeu muitas informações e conteúdo para que eu pudesse fazer esse resgate histórico sobre a década de 90.

 

Eu nasci no ano de 1991 no Hospital Regional do Gama numa madrugada de uma terça feira de janeiro, um ano que marcava o fim de uma era polarizada entre duas forças antagônicas representadas pelos Estados Unidos da América (EUA) de um lado e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) do outro.

 

Confesso que tenho um carinho especial pelos anos 90, pois foi onde o mundo começou para mim, foi onde vivi a minha infância e onde tenho muitas recordações nostálgicas, talvez a partir desse ponto, vocês percebam uma leve mudança no tom narrativo, antes dele eu não existia, de modo que a escrita era impessoal, de agora em diante, eu também sou parte da história em alguma medida.

 

Nos anos 90 fui uma criança pobre e periférica, do extremo oeste do Gama, da Vila Roriz, onde vivo até hoje, com algumas poucas recordações turvas da FAGAMA, onde minha mãe me levou algumas vezes para brincar em algum brinquedo do parque de diversões, não dava para escolher muitos, já que o dinheiro era pouco.

 

DÉCADA DE 90

 

1990

 

O Gama alcançava a casa dos 30 com uma festa de aniversário não muito diferente do que havia sido até ali.  As comemorações começaram no mês de setembro e duraram até o dia 27 de outubro com uma grande lista de shows, bailes, torneios esportivos e homenagens.

 

Segundo o Correio Braziliense:

 

“A participação popular me surpreendeu, tem mais gente do que eu esperava”, festejou o administrador da satélite, João dos Santos. Na sua opinião, de uns anos para cá o Gama tem tentado abandonar aquela imagem de cidade “morna e apagada”, e de vida cultural pobre, através da participação cada vez maior da comunidade.”   

 

No dia 12 houve o tradicional desfile cívico com 2 mil alunos de escolas públicas e contingentes da polícia militar e do corpo de bombeiros. Ainda pela manhã houve uma missa de ação de graças e um passeio ecológico, na parte da noite aconteceu a abertura da XVIII FAGAMA e da Exposição Agropecuária com a promoção de leilões de animais e rodeios e da Exposição de Arte Indígena.

 

1991

 

A festa de 31 anos do Gama começou no dia 4 de outubro com a abertura da XIX FAGAMA com apresentações das Banda Terminal Zero, BB Blues e Pholhas. Com uma comissão organizadora de peso, composta por Geraldinho Gonçalves, Divino Gomes, Delmar Carneiro, Claúdio Alcântara e Hildiva Simplício.

 

Ao longo dos outros dias, as atrações artísticas contaram com shows de Perla, 14 BIS, Os incríveis, Rita Cadilac, Luan e Vanessa e os artistas locais Telma Fonseca, Claúdio Alcântara, Carlinhos Piauí, Bruno e Marlon e outros. Essa edição contou ainda com o 1º ROCK FAGAMA com apresentação de bandas de rock locais e do DF.

 

Um enorme Parque de Diversões com roda gigante, carrossel, roda panorâmica, roda estrela, castelo da monga, bate bate e trem fantasma, atendia às crianças e adultos, que no seu dia contaram com palhaços, mágicos da Disneylândia e animação com a cantora infantil Michely.

 

Os estandes de exposições contaram com 32 espaços destinados à indústria e comércio local representador pela ACIG, CEB, CAESB, SENAI, Fundação Hospitalar (1ª Feira de Saúde do Gama), CDS, Emater, Corpo de Bombeiros e DRE.

 

No dia 12 houve início às solenidades oficiais, com o tradicional desfile cívico em frente à Administração Regional, com a participação das escolas públicas e particulares, produtores rurais, SESI, SENAI, Forças Armadas, Brigada Mirim, Patrulha Escolar Mirim e o grupo de idosos da Casa da Amizade. A noite aconteceu o Baile da Cidade.

 

A Associação de Criadores e Produtores Rurais do Gama realizou a 3ª EXPOGAMA, com apresentações de rodeios, leilões e passeios a cavalo.

 

Como atrações esportivas houve ainda o torneio de futebol de salão, torneio entre as Administrações Regionais e disputas de lutas marciais, karatê, capoeira, musculação, corridas e dominó.

 

Também aconteceram os festivais de chopp e guaraná, e o 3ª FESTIVAL DE MÚSICA SACRA e sessões de cinema no Cine Clube Porta Aberta (Cine Itapuã).

 

Dentro do segmento religioso, houve missa de ação de graças da São Sebastião e Culto Interdenominacional no Ginásio de Esportes.

 

1992

Show do 14 BIS ao fundo

 

A FAGAMA chegava na sua 20ª edição, tendo adquirido o protagonismo das festividades no aniversário do Gama, se convertendo em sinônimo da própria festa, embora houvesse outras atividades e solenidades ocorrendo com o mesmo propósito, o de comemorar o aniversário da cidade.

 

Havia as solenidades oficiais com as autoridades como o desfile cívico, entrega de obras, festivais de chopp, guaraná, Baile da Cidade, celebrações religiosas e outras coisas, mas a FAGAMA era inegavelmente a joia da coroa.

 

Uma das novidades daquele ano foi uma Seção Solene da CLDF no salão de múltiplas funções no Setor Central.

 

A XX FAGAMA durou 11 dias no Estádio Bezerrão, encerrando no aniversário oficial da cidade no dia 12 de outubro, teve shows, parque de diversões e barracas com comidas típicas, com um público esperado de 300 mil pessoas.

 

A grande atração do parque naquele ano era a alardeada maior Montanha Russa da América Latina.

 

As atrações musicais contaram com apresentações de Lecy Brandão, 14 Bis, Visão das Cortes, Rádio Taxi, Renato e seus Bluecaps, Ruy e Rei, Elisa Alves, Carlinhos Piauí, Delma Fonseca, Banda Cosa Nostra, Banda ARD e Carlinhos Soares.

 

1993

 

A XXI FAGAMA aconteceu entre os dias 8 e 17 de outubro no estacionamento do Bezerrão com as tradicionais exposições, barracas de comida, o maior de parque de diversões do Brasil segundo panfleto do evento e atrações artísticas.

Naquele ano, os grandes nomes nacionais foram a dupla Sá & Guarabyra e o cantor e compositor Moacyr Franco. O grosso das atrações musicais contou com artistas locais, a saber: Ruy & Rey, Eliza Alves, Cocina, Gleno Rossi, Cosa Nostra, Afrodysia, Desejo, Squema Seis, Dikleb’s, Adriano Faquini, Carlinhos Piauí, Paulo Matricó, Banda Skala, Banda Marca Registrada e Terminal Zero.  

 

1994 

Arquivo Geraldinho Gonçalves

Eu tinha 3 anos, não lembro de muita coisa sobre a minha vida, na verdade lembro vagamente do barraco de madeira que morava com a minha família na Vila Roriz, da construção da casa de alvenaria, de uma TV de Tubo com tampo amadeirado onde meu avô e tios assistiam os jogos da Copa do Mundo, me recordo da rua sem asfalto, da minha mãe trabalhando na campanha do César Lacerda, de uma vizinha que distribuía leite de soja em nome do Luís Estevão e daqueles bonecos cabeçudos gigantes andando pelas ruas que eu adorava ficar perto.

 

Não lembro de mais nada, mas sei que 94 foi um ano marcante para o país, foi o ano do Plano Real, o ano em que perdemos Ayrton Senna no Dia do Trabalhador, que o Brasil foi tetracampeão mundial de futebol nos Estados Unidos, e o ano em que o Maestro Tom Jobim nos deixava para virar música.

Arquivo Geraldinho Gonçalves

 

1995 

O grande nome daquela edição foi ninguém menos que a cantora Cássia Eller, com show no dia 15 de outubro à meia noite no estacionamento do Estádio Bezerrão. Antes dela o palco foi de Choro Live, Elisa Alves, Banda Experimental, Another Blues Band, Crazy East Blues, Alarme, Cutelho, Rosa Rústica, Mata Hari e Fred Brasiliense.

Um registro marcante dessa edição é um trecho da apresentação da Banda Cutelho, composta por Lelê Teles (vocal), Derru (bateria), Hamilton (guitarra) e Eltim (baixo).



Eu sei que participei do desfile cívico como estudante do CAIC Carlos Castello Branco, eu tinha cinco anos, não lembro de muita coisa sobre esse dia em especial, só tenho uma fotografia feita pela minha mãe.


1996 

Infelizmente não encontrei detalhes sobre o aniversário de 36 anos do Gama ou sobre a XXIV FAGAMA. 

 

1997

 

De 97 só me lembro que estudava no CAIC, do nome de alguns coleguinhas, da professora Regina que tocava violino, das mortes da Princesa Daiana e da Madre Teresa de Calcutá, também foi o ano em que o meu irmão Wallysson nasceu, os meus pais se reconciliaram e que mudei para o Pedregal.

 

Sobre o aniversário do Gama e a FAGAMA, tenho essa matéria do Jornal O Bico do mês de agosto, que me foi enviada pelo amigo Geraldinho Gonçalves:

 

“Depois de exaustivas reuniões lá e cá, finalmente no último dia 06/08, às 19:30hs, na sede da Associação Comercial e Industrial do Gama - ACIG, na presença do presidente Farid Nafe, do Administrador Regional, Cicero Sobrinho e das lideranças locais (foto), foi firmado um acordo, através do qual constituiu-se uma Comissão composta de 13 membros, sendo 04 da RA-II. 06 das entidades de classes e clubes de serviços, mais os Srs. Farid, Cicero Sobrinho e Geraldinho Gonçalves, para estudar, coordenar e promover a XXV FAGAMA, Feira de Amostra do Gama, maior festa popular da cidade, em comemoração ao seu 37° Aniversário, que se dará a 12 de outubro/97.

 

Na ocasião o Administrador Regional, Cicero Sobrinho, se desculpou pelo que chamou de um "equívoco o que poderia acontecer, caso a decisão não fosse da forma como estava sendo decidida naquele momento para execução da FAGAMA, agradecendo e se colocando ao dispor de todos. Usaram ainda a palavra: José Lemos, Possidônio, Formiga, Drs. Sebastião, Luiz Lôbo, Gedeon e Aurélio, Mauro Pinheiro, e por último, Geraldinho Gonçalves, que emocionado agradeceu a Deus, às autoridades e aos segmentos do Gama, se comprometendo a promover a melhor FAGAMA de todos os tempos.”

 

1998 

Arquivo Geraldinho Gonçalves

1998 foi um ano marcante pra mim, me lembro do Brasil perdendo a final para a França na Copa do Mundo, meu irmão Wallysson era um bebê que eu cuidava, eu passei vergonha no meu pai num churrasco e como castigo ele me botou pra comer uma panela inteira de tripa de porco (que eu adoro até hoje).

 

Passei as férias de meio do ano na casa da minha avó materna, tomei banho cachoeira com os meus tios e vizinhos e eu e a minha avó nos acabamos de chorar quando eu tive que voltar pra casa.

 

Minha avó paterna me deu R$ 1,00 de presente de aniversário.

 

Eu era apaixonadinho por uma menina da minha turma chamada Jussara, lembro do rosto dela até hoje, como se fosse 26 anos atrás.

 

Eu quase morri afogado num passeio pra Água Mineral, e um menino mais velho chamado Kaká me salvou, nunca mais o vi, mas jamais o esqueci. Estudos Sociais era a minha matéria favorita.

 

A minha mãe achou o meu boletim da Primeira Série, eu tinha 7 anos, fiquei emocionado ao reencontrar esse pedacinho da minha caminhada.



 O nome da professora não aparece, mas eu me lembro dela, era a Professora Jô, uma moça jovem, bonita, de cabelo escuro e pele branca, aparentemente petista, pois me lembro que ela tinha um chaveiro do Cristovam Buarque na bolsa, por onde será que ela anda hoje?

 

Também foi o ano que a Sociedade Esportiva do Gama (SEG) foi campeã da segunda divisão do Campeonato Brasileiro, ascendendo para a elite do futebol nacional, protagonizando um dos momentos mais emocionantes e marcantes da história da nossa cidade.

 


A XXVI FAGAMA confirmou ser uma das festas mais populares do DF, comemorando o 38° Aniversário da Cidade. Aconteceu em ambiente fechado, com mais de 30 shows nacionais e locais, para um público de aproximadamente 150 mil pessoas.

 

Foi grande evento popular, organizado pela Associação Comercial e Industrial do Gama, Administração Regional do Gama e Geraldinho Promoções Eventos, contando com o apoio de empresas como: Novo Mundo da Borracha, Supermercado Frota, Café do Sítio e Foto Líder, com a divulgação realizada pela TV Globo DF e TV Rio Vermelho.

 

Houve uma divulgação massiva pelas ruas da cidade e região com 5 carros de som durante 15 dias, contabilizando mais de 600 horas de divulgação, e aproximadamente 200 mil panfletos distribuídos.

 

Como ingrediente do êxito da FAGAMA, houve farta distribuição de brindes ofertada pelas empresas locais: O Boticário, Relojoaria Record, Elétrica Regional, Betina Moda Íntima Feminina, Elétrica Gama, Bel Lar, Aquarela Modas, Ótica Vison, Primavera Bolos e Salgados.

 

O coordenador e organizador Geraldinho Gonçalves foi muito elogiado pela eficiência de sua atuação e pelo sucesso do evento, contando com o apoio de seus colaboradores e a participação decisiva dos diretores da ACIG que com grande empenho sempre se fizeram presentes: Divino, Carreirinha, Sinésio, Antônio Rodrigues, Braga, Evandro, Formiga, Ribamar, Luiz Lobo, Antônio Cruz, Dona Messias Teodora, Possidônio e tantos outros.

 

A programação artística e cultural daquele ano contou com a participação de vários artistas e bandas do Gama e do Distrito Federal além de shows nacionais dentre eles: Pimenta Nativa (de Salvador Bahia), Os Incríveis, Lindomar Castilho, Anastácia e outros, totalizando 40 shows durante os 13 dias de FAGAMA.

 

1999

 

Sem informações sobre o 39º aniversário do Gama e a XVII FAGAMA.

 

Finalizo aqui a década 90, com a impressão de que foi o auge das festividades de aniversário da nossa cidade e uma época marcante para o nosso país e para o Gama.

 

CONTINUA...

164 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comentarios


bottom of page