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EM DEFESA DA CAESB PÚBLICA

Considerações sobre a Audiência na CLDF

Foto: Rinaldo Morelli/ Agência CLDF

Por Juan Ricthelly


Na manhã de ontem (02/10) participei de uma Audiência Pública na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) promovida pelo gabinete do Deputado Fábio Félix (PSOL) e pelo SINDÁGUA-DF.

 

O tema era defesa da CAESB como uma empresa pública, contando ainda com a participação de dois representantes da diretoria da empresa, da INTERSINDICAL, do Presidente do Brasília Ambiental e do Deputado Gabriel Magno (PT).

 

Numa demonstração nítida da capacidade de mobilização do sindicato, o auditório estava lotado de trabalhadores caesbianos, com seus adesivos e uniformes com as cores da empresa.

 

Houve uma inversão da ordem em comum acordo com os componentes da mesa, possibilitando que os trabalhadores fizessem uso da palavra primeiramente, todas as falas refletiram o sentimento da categoria que rechaça veementemente a privatização da CAESB, a terceirização, a redução do quadro de funcionários ao longo dos anos, e a realização de concurso público.

 

Essa semana eu completo 14 anos como trabalhador da CAESB, passei no concurso aos 18 e fui chamado aos 19, e escrevo esse texto com propósito de tecer algumas considerações, em especial sobre a narrativa apresentada pelo representante da companhia na audiência pública.

 

Foi dito que nós trabalhadores não precisávamos nos preocupar, pois a privatização não é algo que está no horizonte, que a garantia dessa afirmação se sustenta com base nos empréstimos que a CAESB fez recentemente, sendo o seu status de empresa pública um dos requisitos para a concessão de crédito com pagamento parcelado em duas décadas.

 

E não parou por aí...

 

Ao ser questionado sobre se o quantitativo de vagas previsto para o próximo concurso (82 vagas de contratação imediata + 220 de cadastro reserva) era suficiente para suprir o déficit no quadro de trabalhadores, ele teve a ousadia e o cinismo de responder que não sabia dizer se era ou não suficiente.

 

Nessa hora os trabalhadores presentes reagiram indignados (com toda razão), precisando serem contidos para que o representante da companhia pudesse concluir sua fala. Deve ser um trabalho inglório ser escalado para afirmar o absurdo sabendo a verdade.

 

Me recordei de um detalhe interessante nesse momento, de que quando ingressei nos quadros da CAESB em 2010, nós éramos 2,5 mil trabalhadores, e hoje, 14 anos depois, somos algo próximo de 1,3 mil... Ou seja, a nossa força de trabalho foi reduzia quase que pela metade nesse período.

 

Logo, não é preciso nenhum estudo para se chegar a uma conclusão gritantemente óbvia, a matemática básica resolve: nem mesmo a convocação das 302 pessoas do próximo concurso é o suficiente.

 

Outro aspecto importante é que a carga de trabalho não diminuiu nos últimos 14 anos, se levarmos em consideração que a quantidade de pessoas que o executava foi reduzida pela metade, na verdade ela aumentou, com qual propósito?

 

E a resposta aqui me parece igualmente óbvia, sobrecarregar os trabalhadores concursados para justificar a terceirização, com trabalhadores precarizados, mais baratos e sem estabilidade.

 

Num país com um modo de produção capitalista como o Brasil, onde governos de direita e esquerda aplicam uma matriz econômica impiedosamente neoliberal, o sucateamento prévio dos serviços públicos e a posterior privatização de empresas públicas é uma ameaça cotidiana, nenhuma promessa, garantia ou afirmação é digna de confiança.

 

Não esqueçamos da promessa que o Governador Ibaneis Rocha fez em campanha lá em 2018:

 

“Eu quero deixar bem claro para todos os trabalhadores das empresas públicas do Distrito Federal, que nenhuma será privatizada, todas as empresas públicas do Distrito Federal e seus trabalhadores serão valorizados. Eu preciso de vocês para fazer um bom governo, mas antes eu preciso de vocês para ganhar essa eleição.”

 

Ele venceu a eleição e privatizou a CEB no primeiro mandato! E o que vimos foi o encarecimento da energia elétrica e a piora no serviço prestado pela NEOENERGIA.

 

Diante disso, fiquemos em estado de alerta constante, pois em tempos de Marco Legal do Saneamento Básico em um país dominado pelo neoliberalismo, uma empresa pública com o monopólio de um território com a terceira maior população do país, jamais estará segura!

 

Quando tudo for privado, nós seremos privados de tudo!

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